quarta-feira, 30 de julho de 2008

4ª Coluna

Dando continuidade a retrospectiva cultural de 2007, agora falo um pouquinho sobre o teatro. Espero que gostem. Essa coluna foi publicada no início de março.

Beijos

Tô amando tudo isso!!!!!!!!!

É com muito prazer que falo agora sobre o que aconteceu de mais importante no teatro em 2007. Tenho um carinho muito especial com essa área por ser a manifestação artística que sempre me atraiu e a qual me dedico. Mesmo em meio a dificuldades, muito se fez e se faz sempre, seja em grandes grupos e companhias ou em espetáculos amadores espalhados por esse “Brasilzão”.
Em 2007 o Brasil foi de vez, invadido pelos musicais. Começo pela mega produção “Miss Saigon”, que entrou no lugar do “Fantasma da Ópera” no teatro Abril em São Paulo. No centro da trama Chris, um soldado norte-americano que fica enamorado de uma jovem vietnamita em meio aos conflitos da Guerra do Vietnã. Os números, como sempre acontece nas produções do produtor americano Cameron Mackintosh, são impressionantes: US$ 12 milhões de investimento, 50 toneladas de cenário e adereços de cena, 336 sapatos, 500 figurinos, 60 kg de gelo seco por sessão, 20 profissionais internacionais envolvidos com a montagem e 18 músicos e 42 atores em cena. Com “ex-Rouge” Lissah Martins e dirigido por Cláudio Botelho, o espetáculo prima pela encenação perfeccionista e por excelentes cantores.
Outro musical, adaptado para o Brasil, foi “My Fair Lady”. Adaptada pelo “papa” dos musicais Cláudio Botelho, “My Fair Lady” é baseado na peça “Pigmaleão” de Bernard Shaw e encenado ininterruptamente e sempre com enorme sucesso no mundo todo há 50 anos. No elenco a “ex-Trem da Alegria” Amanda Acosta e Daniel Boaventura. A primeira vez que esse musical foi montado no Brasil, teve Bibi Ferreira e Paulo Autran como protagonistas.
E a febre dos megaespetáculos exportados da Broadway continuou com “Os Produtores”, dessa vez com o multifacetado Miguel Falabella à frente da produção. Na trama um produtor trambiqueiro (Miguel Falabella) e um tímido contador (Vladimir Brichta) descobrem que o fracasso pode lhes render mais dinheiro que o sucesso e resolvem montar um infame musical sobre o nazismo. Juliana Paes faz sua estréia nos palcos como a dançarina sueca Ulla. Ela não faz feio e até impressiona por seu desempenho e sua simpatia, já conhecida. Mas o show é mesmo dos experientes Miguel e Brichta, além das belíssimas coreografias.
Como representante dos musicais genuinamente brasileiros tivemos “Sassaricando”. A peça é uma crônica da vida e dos costumes do Rio de Janeiro, que usa o humor e a malícia de mais de cem de marchas de carnaval compostas por Noel Rosa, Lamartine Babo, Haroldo Barbosa e Braguinha. Cláudio Botelho (de novo) assina a direção cênica e Renato Vieira, a coreografia. Apesar de ser uma maravilhosa revisitação ao Rio de Janeiro da primeira metade do século XX, a peça peca por um ritmo arrastado, transformando-se muitas vezes em um show musical esquecendo do mis’en cene. Palmas para a atriz Soraya Ravenle, que consegue manter o pique em mais de duas horas de espetáculo.
Deixando os musicais de lado, tivemos belíssimos espetáculos nas temporadas 2007 das maiores companhias de teatro e dança do Brasil. O grupo mineiro “Galpão” estreou seu
novo espetáculo “Pequenos Milagres”, com direção de Paulo de Moraes da “Armazém Cia de Teatro”. O espetáculo é composto por quatro textos selecionados da campanha Conte sua História, que o Grupo Galpão realizou em 2006. A campanha alcançou pleno êxito recolhendo cerca de 600 histórias provenientes de várias partes do país. A estréia de “Pequenos Milagres” marcou o início das comemorações dos 25 anos do Grupo Galpão. A estréia aconteceu em Belo Horizonte e cumpriu turnê pelo Rio de Janeiro, São Paulo e principais Festivais do país. O espetáculo não alcançou o mesmo êxito que os trabalhos passados do grupo.
E por falar em Paulo de Moraes, o “Armazém Cia de Teatro” reapresentou seus maiores sucessos no espaço teatral da Fundição Progresso no Rio de Janeiro para comemorar seus 20 anos. Em dezembro estreou o espetáculo “Mãe Coragem e seus filhos”, texto do alemão Bertold Brecht, com participação da atriz Louize Cardoso.
O grupo carioca “Cia dos Atores”, levou à Europa a peça “Ensaio.Hamlet”, releitura do grupo sobre a peça de Shakespeare. Uma das peças mais viscerais e maduras da moderna cena teatral brasileira, é quase uma unanimidade para a crítica desde sua estréia em 2004. Também em 2007, a companhia trouxe para os palcos um velho conhecido do imaginário brasileiro: Odorico Paraguaçu. “O Bem Amado”, escrito originalmente para o teatro por Dias Gomes, subiu agora aos palcos com Marco Nanine como protagonista.
E além de dirigir o espetáculo “O Bem Amado”, Enrique Diaz também dirigiu a montagem de “A Gaivota – Tema para um conto curto”, do russo Anton Tchecov, com Alessandra Negrini no papel da protagonista. Mais uma vez abusam acertadamente da metalinguagem e do experimentalismo para mostrar, através do texto de Tchecov, o processo de criação de uma peça teatral. Enrique Diaz é hoje um dos diretores mais maduros e respeitados do teatro brasileiro.
O grupo paulista “Teatro da Vertigem” retomou o espetáculo “BR-3” no festival “Riocenacontemporânea” em outubro, depois de ter sua temporada paulista precocemente cancelada em 2006. O espetáculo é encenado em um espaço inédito: embarcações especialmente disponibilizadas no Rio Tietê, em São Paulo. Para a construção desde espetáculo, o grupo realizou pesquisas teóricas e práticas aprofundando o estudo sobre identidade e caráter nacional. Em sua temporada carioca, “BR-3” foi encenado na Baía de Guanabara. Paralelamente, o diretor do grupo, Antônio Araújo, chega a “Histórias de Amor” espetáculo que percorreu todo o país no ano de 2007.
Em São Paulo, cidade que mais ferve cultura no país, o ano foi das comédias. Continuaram os sucessos: “Os homens são de Marte...e É pra lá que eu vou” com a atriz Mônica Martelli e “Fica comigo esta noite” com Murilo Benício e Mariza Orth. Estreou o espetáculo “O Método Grönholm” com o casal Lázaro Ramos e Taís Araújo e a peça “As Favas com os escrúpulos” que trouxe a atriz Bibi Ferreira de volta ao gênero depois de 48 anos dedicados a musicais. A lado de Juca de Oliveira, autor do texto, e dirigida por Jô Soares, Bibi brilhou num texto que ataca a corrupção brasileira. Na contramão das comédias esteve o espetáculo “A Pedra do Reino” dirigido por Antunes Filho, que seguiu temporada depois de sua estréia em 2006. A peça arrancou aplausos por todo o ano, principalmente pela performance do novato Lee Thalor, que vive o protagonista Quaderna.
Cena do musical "Miss Saigon"

Malu Galli no espetáculo "Ensaio.Hamlet"

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